Justificativa
A Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT define resíduos sólidos como sendo os resíduos nos
estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços.
Estão incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT –
NBR -10004 – 2004).
Esses resíduos são separados em orgânico
(úmido/compostável) e em inorgânico (seco/reciclável). Os resíduos
orgânicos compõem de restos de alimentos, folhas, galhos de árvores
removidos através de sistema de poda, resíduos de frutos após extração e
processamento dentre outros. Os resíduos inorgânicos compõem-se de
materiais como vidro, papel, plásticos, polímeros, metais, solventes,
produtos químicos etc (ABNT – NBR -10004 – 2004)
Na última década, o cultivo mundial do
coqueiro registrou acréscimo na produção sem alteração substancial da
área de plantio. De acordo com o FAO (2011), em 1998, a produção mundial
foi ao redor de 49 milhões de toneladas, enquanto que, em 2008, a
produção foi aproximadamente de 60,7 milhões de toneladas em uma área de
11,2 milhões de ha, representando um aumento significativo da produção
mundial.
Segundo Martins & Jesus Jr. (2011),
atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de coco, com
produção aproximada de 2,8 milhões de toneladas, em uma área colhida de
287 mil ha de ha coqueiros, sendo responsável por mais de 80% da
produção de coco entre os países da América do Sul.
A casca do coco verde (Cocos nucifera)
é um resíduo agrícola com alto potencial de aproveitamento, mas com
poucas ações de reaproveitamento implantadas no Brasil. Segundo Rosa et
al. (2001), de 80% a 85% do peso bruto do coco verde é considerando
lixo. Embora orgânico, o resíduo do coco é de difícil degradação e
demora mais de oito anos para se decompor completamente (CARRIJO et al.,
2002).
Os resíduos do coco verde geram volumes
significativos e crescentes de material inaproveitado. Estimativas
apontam para 6,7 milhões de toneladas de casca/ano, descartadas em
lixões e aterros, transformando-se em sério problema ambiental (ROSA,
1998). Um outro problema, ocasionado pelo descarte do resíduo, é a
emissão de metano, um dos gases mais importantes do efeito estufa
(PASSOS, 2005).
Da estrutura do coco verde, cerca de 85%
são resíduos, descartar esse material em aterros sanitários deve ser
encarado como desperdício. O resíduo de coco é um material nobre que
pode ser aproveitado de várias formas. O processamento dos resíduos gera
a fibra de coco, produto que pode ser aproveitado na indústria de
tintas, na indústria automobilística (confecção de estofamentos de
automóveis), fabricação de capachos para utilização em portas de
residências ou condomínios, indústria da construção civil com carga para
preparação de alguns tipos de cimento, na produção de briquetes para
geração de energia (SENHORAS, 2004).
COCO VERDE
PRODUÇÃO BRASILEIRA
O cultivo do coqueiro, Cocos nucifera L., pode
ser considerada uma das atividades mais importantes agrícolas no mundo,
gerando emprego e renda, além de fonte nutricional na alimentação. A
partir desta planta, são obtidos mais de 100 subprodutos (CUENCA, 1998).
O coqueiro é uma planta de origem
asiática, que chegou ao Brasil por volta de 1553, pelo Estado da Bahia, a
bordo das embarcações portuguesas. Por se tratar de uma planta
tropical, encontrou condições propícias para se desenvolver no Brasil, e
se espalhou pelas regiões Norte e Nordeste. O fruto é a parte do
coqueiro com maior valor comercial e sua constituição está descrita na
Figura 1.
![Coco](https://ciclodococo.files.wordpress.com/2015/06/coco.png?w=1040)
Tradicionalmente, a região de cultivo de
coqueiros no Brasil estende-se ao longo da costa brasileira entre os
Estados do Rio de Janeiro e Pará, com um destaque especial para os
estados nordestinos, onde concentra-se a maior área cultivada e a maior
produção brasileira de frutos. Os cinco principais estados brasileiros,
que representaram em 2005, 75,8% da produção nacional de coco são:
Bahia, Pará, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo. (BENASSI, 2006).
O consumo estimado de coco no mercado
brasileiro corresponde a 65% de coco seco e 35% de coco verde (CUENCA et
al., 2002). Mas, o consumo de da água de coco verde, no Brasil, tem
crescido vertiginosamente. Segundo a Associação Brasileira das
Indústrias de Alimentação (ABIA), o consumo da água de coco representa
140 milhões de L/ano. Embora considerável, esse volume ainda é
considerado pequeno pela Associação Brasileira dos Produtores de Coco
(ASBRACOCO), que pretende atingir 500 milhões de L/ano (CARRIJO et al.,
2002).
IMPACTOS CAUSADOS PELA CADEIA DO COCO VERDE
Abordaremos nesta seção os principais
impactos causados pelo descarte inadequado do resíduo do coco verde,
tais como: a demanda por espaço em aterros para descarte do resíduo; a
proliferação de vetores, decorrente da decomposição; a emissão do gás
metano, também decorrente da sua decomposição; e o impacto visual do
descarte em aterros.
No Brasil, 71,51% dos resíduos sólidos
são descartados em lixões, ou seja, em áreas afastadas dos grandes
centros urbanos sem os devidos cuidados ambientais e de engenharia
sanitária, enquanto apenas 17,32% dos resíduos são descartados em
aterros sanitários (IBGE, 2000).
Os rejeitos do coco verde geram grandes volumes e crescente demanda por local
há ser descartado. Estima-se que 6,7 milhões de toneladas de casca/ano são descartas em lixões e aterros sanitários, transformando-se em um grave problema ambiental (ROSA, 1998). Por este tipo de resíduo demorar cerca de 8 (oito) anos para se degradar completamente, associado à sua constituição de difícil compactação, tem-se, como consequência, uma maior ocupação dos aterros no momento do descarte.
há ser descartado. Estima-se que 6,7 milhões de toneladas de casca/ano são descartas em lixões e aterros sanitários, transformando-se em um grave problema ambiental (ROSA, 1998). Por este tipo de resíduo demorar cerca de 8 (oito) anos para se degradar completamente, associado à sua constituição de difícil compactação, tem-se, como consequência, uma maior ocupação dos aterros no momento do descarte.
Um exemplo que demonstra tal problemática
é a cidade de Salvador, em que a quantidade média diária de cascas de
coco verde, na alta estação, corresponde a um volume de 56m³, o que
equivale à ocupação média de 2/4 m²/dia no aterro sanitário da cidade
(SILVEIRA, 2008).
Os resíduos sólidos descartados de
maneira inadequada, além de contribuir para a poluição ambiental, coloca
em risco a saúde da população, e contribui para a transmissão de
doenças por meio de vetores, tais como: moscas, mosquitos, baratas e
roedores, que encontram, fonte de alimento, abrigo e condições para seu
desenvolvimento nestes resíduos.
Uma vez descartados em lixões, encostas,
vazadouros ou mesmo em aterros sanitários, a casca do coco verde passa
por um processo de decomposição pela ação de microrganismos, que fazem a
biodigestão da material orgânica, liberando metano um dos gases que
contribuem para o efeito estufa.
Um outro impacto, causado pelo descarte
inadequado da casco do coco verde, é a poluição visual. Segundo (SANTOS,
2004), poluição visual são os efeitos danosos resultantes dos impactos
visuais causados por determinadas ações e atividades, a ponto de
prejudicar a saúde, a segurança e o bem estar da poluição; criar
condições adversas às atividades econômicas; e afetar as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente. Este tipo de poluição é mais
notória na venda de água de coco “in natura”, principalmente nas regiões
litorâneas.
REFERENCIA
ABNT 10004, NORMA BRASILEIRA, Resíduos Sólidos – Classificação, ABNT, 2004.
CARRIJO, O. S.; LIZ, R. S.; MAKISHINA, N.
Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola. Horticultura
Brasileira, Brasília – DF, v. 20, n. 4, p. 533-535, 2002.
CARRIJO, O. A; LIZ, R. S.; MAKISHIMA, N.
Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola. Horticultura
Brasileira, Brasília – DF, v. 20, n. 4, p. 533-535, 2002.
CUENCA, M. A G; RESENDE, J. M.; SAGGIN
JUNIOR, O. J.; REIS, C. dos S.; Mercado brasileiro do coco: situação
atual e perspectivas. In: ARAGÃO, W. M. (Ed.). Coco pós-colheita.
Brasília: EMBRAPA, 2002. p. 11-18. (Série Frutas do Brasil, 29).
CUENCA, M. A. G. Importância econômica do
coqueiro. In: Ferreira, J. M. S.; WARWICK, D. R. N.; SIQUEIRA, L. A.
(Ed.). A cultura do coqueiro no Brasil. 2 ed. Aracaju: Embrapa-SPI, p.
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FAO. Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação FOOD AGRICULTURAL ORGANIZATION. Coco. Disponível em: <www.fao.org.br>. Acesso em junho de 2015.
MARTINS, C. R.; JESUS Jr., L. A. Evolução
da produção de coco no Brasil e o comércio internacional: panorama
2010. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2011. Disponível em: http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2011/doc_164.pdf. Acesso em: junho de 2015.
PASSOS, P. R. A. Destinação Sustentável
de Cascas de Coco Verde (cocos nucifera): Obtenção de Telhas e Chapas de
Partículas. 2005. 186p. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro. 2005.
ROSA, M. F. Alternativas para o uso da casca do coco verde. Rio de Janeiro: Embrapa, 1998.
ROSA, M. F. et al. Caracterização do pó
da casca de coco verde usado como substrato agrícola. Fortaleza: Embrapa
Agroindústria Tropical, p. 6 (Comunicado Técnico, 54, 1998.
SILVEIRA, M. S. Aproveitamento das cascas de coco verde
SENHORAS, E. M. Oportunidades da Cadeia
Agroindustrial do Coco Verde: do coco verde nada se perde, tudo se
desfruta. Revista Urutágua, Maringá, n.5, 2004.Fonte: https://ciclodococo.wordpress.com/justificativas/
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