quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Jeitinho brasileiro como do vô juiz-forano!Maravilhoso!

Ambulantes chegam a faturar até mil reais por dia com tiradas criativas

David Francelino Simplício, de 50 anos, vende alho no Centro de Niterói, com o filho Walace Simplício, de 25
David Francelino Simplício, de 50 anos, vende alho no Centro de Niterói, com o filho Walace Simplício, de 25 Foto: Ricardo Rigel / Extra
Ricardo Rigel

Um som estridente ecoa pelo Centro de Niterói. Alguns pedestres arregalam os olhos, outros levam a mão ao coração, assustados. No foco do fuzuê, um senhor de cabelos brancos, olhar tranquilo e andar lento grita com todo o fôlego: “Laranjaaaaaaa!”. É assim que Edson Pedro da Silva, de 75 anos, vende diariamente 500 garrafinhas de suco, ao preço de R$ 2 cada. Assim como ele, o ambulante do alho graúdo e o tradicional vendedor de bolo de aipim dão seus shows nas redondezas para driblar a crise e ganhar uma grana com muita criatividade.
— Com 30 anos, tive que retornar à Paraíba, para fazer uma cirurgia na coluna. Quando voltei ao Rio, não consegui mais arrumar emprego. Aí comecei a fazer sucos de laranja e vender em Niterói — conta Edson.

Edson Pedro da Silva, de 75 anos, vende suco de laranja há 44 anos
Edson Pedro da Silva, de 75 anos, vende suco de laranja há 44 anos Foto: Ricardo Rigel / Extra
Para conseguir se destacar de outros ambulantes, o nordestino potencializou a voz:
— É a minha marca. Muita gente se assusta, mas depois do primeiro barulho o povo ri. Já tomei muita bolsada, mas consigo vender tudo e faturo R$ 1 mil por dia, em média.

Perto dali, na Na Rua da Conceição, o jeitão descontraído de David Francelino Simplício, de 50 anos, agrada à freguesia. Fiel à venda de alho, ele entendeu que crise se vence com criatividade.
— Trabalho nisso desde os meus 10 anos. Amo o que faço e grito alto para todo mundo escutar que na minha mão tem o melhor alho da cidade — conta David entremeando a entrevista com seu principal bordão: “Graúuuuuudo!”.
A fim de oferecer a seus clientes um produto diferenciado, David conta que tem que sair de casa, em Nova Iguaçu, às 3h para conseguir comprar os melhores produtos:
— Não coloco preço fixo. Às vezes, vendo por R$ 10, outras por R$ 15. O mais legal é que os clientes reconhecem meu esforço em oferecer os melhores produtos. Valorizo minha clientela e eles me valorizam também — diz David, que conta com o apoio do filho Walace Simplício, de 25 anos, nas vendas: — Arregaçamos as mangas e vamos à luta.
Além dos quitutes, conselhos
Com um estilo menos espalhafatoso, mas tão carismático quanto os amigos de profissão, o paraibano Pedro Adilson, de 68 anos, encosta o seu carrinho na esquina da Rua Maestro Felício Toledo com a Avenida Amaral Peixoto para vender o bolo de aipim e o cuscuz doce feitos por ele. É assim todos os dias, há 44 anos.
O paraibano Pedro Adilson, de 68 anos, vende bolos de aipim na Avenida Amaral Peixodo, no Centro de Niterói
O paraibano Pedro Adilson, de 68 anos, vende bolos de aipim na Avenida Amaral Peixodo, no Centro de Niterói Foto: Ricardo Rigel / Extra
— As receitas são da minha mãe, eu sigo à risca para manter o mesmo gostinho sempre. Sou bastante querido por aqui. Meu jeito é mais tímido, não ganho no grito, mas atraio as pessoas pela simpatia e pelo bom tratamento. Escuto os problemas dos engravatados, sabe? Tenho paciência para ouvir e positividade para tentar animar a freguesia. Esse é o meu segredo — conta o vendedor, que já ganhou até homenagem da Câmara Municipal de Niterói.
Fonte: https://extra.globo.com/noticias/rio/ambulantes-chegam-faturar-ate-mil-reais-por-dia-com-tiradas-criativas-23013060.html

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