Ambulantes driblam lei e faturam R$ 600 ao dia em ônibus e metrô
COMÉRCIO ILEGAL – Legislação proíbe comércio dentro do transporte público
Mesmo sendo ilegal, o comércio de guloseimas é cena comum no transporte
público da capital. Para ter acesso aos passageiros, os ambulantes
pagam a passagem em um dos terminais de transferência do Move e passam o
dia vendendo doces entre uma estação e outra, assim como nos vagões do
metrô.
Em Belo Horizonte, desde 2008 o Decreto Municipal 13.384 proibiu essa
prática nos ônibus da capital. Se ambulantes forem flagrados nos
veículos, os consórcios podem ter que arcar com multa de até R$ 92,33,
mas as mercadorias não são apreendidas.
No metrô, a assessoria de imprensa da Companhia Brasileira de Trens
Urbanos (CBTU) informou que regulamento da empresa também proíbe a
prática dentro dos vagões. As mercadorias podem ser apreendidas e
encaminhadas para depósitos das prefeituras de Belo Horizonte e de
Contagem.
Para burlar a fiscalização, muitos ambulantes entram no metrô e nos ônibus do Move com os produtos dentro de bolsas ou sacolas.
Nas avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado, os ambulantes oferecem
balas, chicletes, chocolates e paçocas dentro das estações do Move.
“Vendemos de tudo um pouco. Os doces são a distração das viagens”, disse
o vendedor Lucas, de 30 anos.
Armazenados em isopores ou vasilhas de plástico bem coloridas, os
vendedores percorrem os ônibus oferecendo produtos que vão de R$ 0,50 a
R$ 5 a unidade. O faturamento chega a R$ 600 por dia. Eles contam que
cerca de 50% desse montante é revertido para a reposição das
mercadorias.
“Nossas guloseimas são de qualidade, e isso custa caro. Se não investir
não temos clientela. Além disso, temos cuidado com prazo de validade e a
higiene das vasilhas”, disse a vendedora Beatriz de Oliveira, de 23
anos.
Incômodo
O lucro expressivo já ajudou muitos vendedores a realizar alguns
sonhos. “Com esse dinheiro eu consegui fazer um financiamento
imobiliário e, atualmente, estou próxima de quitar a minha casa”, disse
uma vendedora ambulante que pediu para não ser identificada.
Porém, a prática não agrada a todos os usuários do transporte público.
Para a enfermeira Ângela de Assis, de 34 anos, o comércio nos coletivos
incomoda muito os passageiros “Eles (vendedores) nos perturbam o tempo
todo. Se você estiver lendo ou cochilando chegam a acordar a gente só
para oferecer os doces. Isso é muito chato”, disse.
“Não me importo com a venda. Confesso que, às vezes, eu também compro
algumas balas, não gosto é da gritaria dentro do ônibus. Isso incomoda”,
disse o universitário Eduardo Mendes.
Outros passageiros não se opõem à venda de doces dentro dos trens e
ônibus. “É um trabalho como outro qualquer. Não me sinto incomodado”,
disse o auxiliar administrativo Anísio da Cunha, de 33 anos.
Além dos ambulantes, há também músicos e religiosos que buscam a
atenção e recompensa financeira dos passageiros. “Esses são os piores,
além de lamuriar na nossa cabeça, passam o chapéu pedindo dinheiro”,
disse a garçonete Estael Marceline Estrela, de 32 anos.
Assim como nos ônibus, os trens também são utilizado como “palco” para
novos artistas. “Alguns são tão caras-de-pau que vêm com os
instrumentos. Também não gosto quando pessoas tentam impor sua
religião”, disse a aposentada Helena de Souza Cruz, de 66 anos.
A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans)
informou que agentes fiscalizam ônibus para evitar a venda de produtos
no local. Caso a prática seja flagrada nos veículos, o consórcio é
notificado e multado.
A reportagem entrou em contato com o Sindicato das Empresas de
Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) para se
pronunciar sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição não havia
recebido o retorno.
Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/ambulantes-driblam-lei-e-faturam-r-600-ao-dia-em-%C3%B4nibus-e-metr%C3%B4-1.279584
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