TEXTO:ANA PAULA MESQUITA
Cientista que dedicou a vida ao estudo da natureza,Walter Alberto Egler foi um geógrafo e botânico preocupado com o desgaste e o mau uso dos recursos naturais.Era um defensor da sustentabilidade e preservação da mata Amazônica que o encantou tanto,que Walter Egler aceitou a proposta de ser diretor do Museu Emílio Goeldi onde desenvolveu e organizou um acervo de amostras de várias espécies de madeira da Amazônia.
Carioca,filho de imigrantes europeus,Egler nasceu em 24 de novembro de 1924.O cientista despertou o interesse pela natureza logo que ingressou na graduação de Agronomia estagiando no Conselho Nacional de Geografia,Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE),e,sob orientação do fitogeógrafo canadense Pierre Dansereau,foi auxiliar na montagem do setor biogeografia no IBGE,junto com Alceu Magnanini,Fernando Segadas Viana,Dona Romariz e Edgar Kulmman todos geógrafos e agrônomos pesquisadores.
Mas os grandes influenciadores na carreira foram o agrônomo Pierre Dansereau e o geógrafo alemão Leo Waibel,que,na década de 40,estava no Brasil para desenvolver pesquisas sobre colonização,ocupação agrária e biogeografia regional. Com Fernando Segadas foi para o Museu Nacional para criar uma divisão de botânica e biogeografia,porém,alguns problemas institucionais o impediu de prosseguir com este setor.
Aos 30 anos,Egler foi convidado por José Cândido de Carvalho para assumir a direção do Museu Paraense Emílio Goeldi.Sua administração durou seis anos.Walter Egler recuperou instalações e o parque zoobiótico,ampliou o acervo,dinamizou a pesquisa com implantações de laboratórios,expandiu a presença de técnicos e pesquisadores e realizou inúmeros trabalhos de campo e expedições na Amazônia.
Nos anos 50,o pesquisador interessou-se pela organização de acervo de madeira no Museu Goeldi."Criando a base para que,no Pará,estudos sobre as madeiras,do ponto de vista anatômico e de identificação,passassem a ser realizados até os dias atuais",assim consta informação em um artigo científico dos pesquisadores Cristina Fonseca,Pedro Lisboa e Claúdia Urbinati,intitulado:"A Xiloteca(coleção de Walter A. Egler)do Museu Paraense Emílio Goeldi.
A xiloteca,que hoje leva o nome de Egler,segundo consta no artigo científico,foi criada para coletar amostras de madeiras oriundas de uma ou de diferentes regiões.Sendo uma fonte de material importante para auxiliar profissionais de diversas áreas,tanto nacionais quanto estrangeiros,"na solução de problemas taxonômicos,anatômicos,filogenéticos,ecológicos,tecnológicos,silviculturais,de manejo e inventários florestais",ressaltam os pesquisadores no artigo.
Com Walter Egler as pesquisas se intensificaram.Em 1959,iniciou a coleção de madeiras,num total de 80 amostras,oriundas de excursões ao alto Tapajós,rodovia Belém-Brasília,Marapanim,Marudá e alguns bairros da capital paraense."A primeira amostra de madeira da coleção foi Panopsis rubescens(Pohl.)Pittier(Proteaceae).Egler,também,realizou várias excursões pela Amazônia para coleta de material botânico,destacam os pesquisadores.
O cientista também foi para o Jari,no Pará,em companhia do professor Howard Irwin,para fazer um levantamento florístico completo de toda a região ao norte do rio Amazonas e não retornou dessa excursão.Walter sofreu um acidente quando sua canoa despencou da queda mais alta da cachoeira do Macacoara. A comunidade científica despediu-se do pesquisador,apaixonado pela natureza,no dia 28 de agosto de 1961 com 37 anos.
Fonte: "Revista Amazônia Viva",JUNHO 2017/EDIÇÃO NÚMERO 70
Cachoeira do Rio Jarí,de onde a canoa de Egler despencou
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