Glória Perez
Glória Perez | |
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Perez em dezembro de 2008 | |
Nome completo | Glória Maria Rebelo Ferrante |
Pseudônimo(s) | Glória Perez |
Nascimento | 25 de setembro de 1948 (71 anos) Rio Branco, AC, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Etnia | ítalo-brasileira |
Progenitores | Mãe: Maria Augusta Rebelo Ferrante Pai: Miguel Jerônimo Ferrante |
Cônjuge | Luiz Carlos Saupiquet Perez (c. 1969; div. 1984) Carlos Magnus da Costa (c. 1985; div. 2012) |
Filho(s) | 3 |
Alma mater | Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Ocupação | |
Período de atividade | 1983–presente |
Principais trabalhos | Barriga de Aluguel "De Corpo e Alma" Explode Coração Hilda Furacão "O Clone" América Caminho das Índias Salve Jorge A Força do Querer |
Prêmios | Emmy Internacional por Caminho das Índias (2009) |
Glória Maria Rebelo Ferrante, mais conhecida como Glória Perez (Rio Branco, 25 de setembro de 1948), é uma escritora, roteirista, produtora e autora brasileira, de ascendência italiana. Em 2010, Perez ganhou o Prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela por seu trabalho em Caminho das Índias. Glória também ficou conhecida por ser a mãe da atriz Daniella Perez, que foi assassinada durante as produções de De Corpo e Alma, novela de Glória.
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nascida em Rio Branco, no Acre, Gloria é filha do advogado Miguel Jerônimo Ferrante e da professora Maria Augusta Rebelo Ferrante, ambos nascidos e criados em Rio Branco. Sua mãe era filha de um piauiense com uma cearense, os quais deixaram o Nordeste em busca de uma vida melhor em Rio Branco. Seu pai era filho de italianos que vieram para o Brasil, mais especificamente São Paulo, em busca de trabalho. Seu avô paterno era um italiano que trabalhava como operário mecânico e que fugiu da Cidade de São Paulo por ter sido denunciado por envolvimento com o movimento anarquista. Ao chegar no Acre, conheceu a avó de Gloria , uma viúva italiana recém-chegada ao Brasil, com quatro filhos pequenos. Após alguns meses juntos, casaram-se e tiveram o pai de Gloria e mais dois filhos. Gloria tem um único irmão chamado Saulo, que é médico.
Revela ter tido uma infância simples, onde nadava em rios e subia em árvores, mas que sempre gostou muito de ler e escrever e era dedicada aos estudos. Aos 15 anos, sua família mudou-se para a recém-construída capital federal para que ela pudesse continuar estudando, pois em sua cidade natal só havia escolas até o ginásio. Em Brasília, cursou o ensino médio em escola pública e entrou para a Universidade de Brasília (UnB), onde cursou 3 anos de Direito, abandonando o curso em 1968, quando a universidade foi invadida por militares. Na época, queria cursar História, mas seu pai não a deixou se mudar sozinha para o Rio de Janeiro, onde tinha parentes, só conseguindo se mudar um ano depois, já com o noivo, o qual conheceu em Brasília. No Rio, prestou vestibular e passou, mas só formou-se em História pela UFRJ após o nascimento dos filhos. A autora chegou a cursar mestrado em História do Brasil, também na UFRJ, mas nāo chegou a defender sua tese. Durante sua elaboração, aceitou o convite de Janete Clair e optou pela carreira na televisão.
Em 1969, após um ano vivendo juntos, casou-se com o engenheiro Luiz Carlos Saupiquet Perez (1940-1994), falecido de leucemia. O casal teve três filhos: Daniella (1970-1992), Rodrigo (1972) e Rafael (1977-2002). Gloria e Luiz Carlos se divorciaram em 1984. No mesmo ano começou a namorar o advogado Carlos Magnus Costa, e em 1985 casaram-se, mas em 2012 divorciaram-se.
Duas tragédias abalaram a vida de Gloria : Sua filha, Daniella Perez, que na época tinha apenas 22 anos e trabalhava como atriz em uma novela que Gloria escrevia, De Corpo e Alma, foi brutalmente assassinada à punhaladas em 28 de dezembro de 1992 pelo colega de trabalho Guilherme de Pádua e por sua esposa Paula Thomaz; Rafael, seu filho caçula, portador de Síndrome de Down, morreu aos 25 anos, em 28 de novembro de 2002, vítima de infecção intestinal generalizada, após uma cirurgia em Brasília.
A tragédia que ocorreu com Daniella e o medo de que os réus fossem beneficiados pela justiça foi o que moveu a autora em uma campanha apoiada pela grande mídia que recolheu mais de um milhão de assinaturas, resultando na inclusão do homicídio na Lei dos Crimes Hediondos.
Gloria tem quatro netos, filhos de Rodrigo, que é casado. Em 2009 enfrentou outro drama: descobriu ter um linfoma, um tipo de câncer, e passou todo esse mesmo ano realizando cirurgias e sessões de quimioterapia, além de ter precisado consumir vários medicamentos regularmente. Felizmente, se curou da doença.
Vida profissional[editar | editar código-fonte]
O início de fato de sua carreira se deu em 1983, quando colaborou com Janete Clair, em Eu Prometo. Com o falecimento da autora titular, Gloria assumiu a responsabilidade e levou a história até o fim, com supervisão de texto de Dias Gomes. No ano de 1979, Gloria já havia trabalhado na TV como pesquisadora de texto ao lado de Ana Maria Magalhães na telenovela Memórias de amor, por sugestão do autor da telenovela Wilson Aguiar Filho, que é primo de Gloria Perez.
No ano seguinte, assinou com Aguinaldo Silva uma parceria para a telenovela Partido Alto, primeira novela de ambos como autores-titulares. Em 1984 apresentou a sinopse de Barriga de Aluguel, tema polêmico e desconhecido na época. O projeto ficou na gaveta por ser considerado "fantasioso" e "inverossímil" . Gloria foi para a TV Manchete, onde escreveu a novela Carmem, um projeto de José Wilker, então diretor artístico da Casa. A novela conseguiu altos índices de audiência, chegando a superar a Rede Globo. Devido ao sucesso, a autora voltou à sua antiga emissora para escrever a minissérie Desejo, tendo grande êxito.
Em 1990 foi ao ar, finalmente, a novela Barriga de Aluguel. A trama, que conseguiu grande sucesso, teve seu término após 243 capítulos, sendo uma das maiores novelas em número de capítulos.[1]
Em 1992, Gloria lançou De Corpo e Alma, marcada pelo assassinato de sua filha, a atriz Daniella Perez, cometido pelo colega de cena, Guilherme de Pádua. Gloria teve de tirar uma folga de 15 dias, e declarou que só voltou a escrever "para continuar vivendo" e manter a sanidade apesar do trauma.[2]
Em 1995, Gloria levou ao ar Explode Coração, uma trama que falava sobre a internet e as novas possibilidades que ela abria para a humanidade, incluindo a de promover encontros improváveis: no caso da novela, a de um politico importante e uma garota cigana, protagonizada por Tereza Seiblitz.[3] Uma das curiosidades dessa novela é que Gloria criou um programa muito semelhante ao Skype, que ainda estava longe de existir, através do qual os protagonistas se conheciam. Além disso, na abertura, Hans Donner antecipa Steve Jobs mostrando uma tela touch screen.
Em 1998, escreveu a minissérie Hilda Furacão, protagonizada por Ana Paula Arósio, Danton Mello e Rodrigo Santoro, baseada no romance de Roberto Drummond (vivido por Danton Mello na minissérie). No mesmo ano, Gloria escreveu um episódio para a série Mulher, que retratava um tema também pouco discutido e polêmico: o intersexo.
No fim de 1998, Gloria assinou o remake de Pecado Capital, baseado na novela original de Janete Clair. Entre 2001 e 2002 escreveu o grande sucesso O Clone, exibido pela Rede Globo entre os mesmos anos, e que falava da experiência de clonar um ser humano, contrapondo os valores do ocidente desafiando e querendo tomar o lugar de Deus na fabricação da vida, e aos valores da sociedade muçulmana. Em 2012, quando a maior feira de televisão do mundo - MIPCOM - selecionou os 50 programas mais importantes dos últimos 50 anos, O Clone foi o único programa brasileiro incluído na lista. Além disso, a mesma teve uma versão latina nos Estados Unidos, chamada El Clon, realizada pela Telemundo.
Em 2003, Gloria criou o seriado A Diarista, que foi ao ar no mesmo ano como especial de fim de ano. Obtendo grande sucesso, a série entrou para a grade oficial da Rede Globo em abril de 2004, desta vez escrita por Aloísio de Abreu e Bruno Mazzeo.
Em 2005, escreveu a telenovela América, que tratava do drama dos brasileiros obcecados pelo "sonho americano", que se entregavam nas māos dos coyotes para tentar atravessar a fronteira através do México e tentar a vida nos Estados Unidos.
Em 2007, lançou a minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, que mostrou a história do Acre e seus povos e revelou como o local se tornou um território brasileiro através da luta de sua gente.
Em 2009, Gloria lançou a telenovela Caminho das Índias, que teve como temática a cultura indiana. No mesmo ano, foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.[4] Caminho das Índias foi a primeira novela brasileira a ganhar um Emmy Internacional de melhor novela.
Em outubro de 2012, estreou Salve Jorge, que teve como tema o tráfico internacional de pessoas. A novela falou do drama dos brasileiros traficados e escravizados no exterior, atraídos por tentadoras propostas de trabalho. A novela até hoje é considerada um sucesso pelo público e critica.
No início de 2013, Gloria também se destacou com a minissérie O Canto da Sereia, na qual supervisionou o texto.
Uma marca das novelas de Gloria Perez são as campanhas de alcance social que ela introduz em suas tramas: Crianças desaparecidas, dependentes químicos, saúde mental, tráfico humano, etc. A campanha contra as drogas de O Clone, foi premiada nos Estados Unidos, pelo FBI e pelo DEA.
Eliane Giardini, Roberto Bonfim, Juliana Paes, Rodrigo Lombardi, Humberto Martins, Christiane Torloni, Edson Celulari, Bruno Gagliasso, Cleo Pires, Murilo Rosa, Stenio Garcia, Jandira Martini, Nívea Maria, Vera Fischer, Francisco Cuoco, Renée de Vielmond, Reginaldo Faria, Neuza Borges, Caco Ciocler, Daniela Escobar, Antonio Calloni, Cissa Guimarães, Victor Fasano, Eri Johnson, Paula Pereira, Odilon Wagner e Sílvia Buarque além de Mara Manzan (falecida em 2009), Guilherme Karan (falecido em 2016) e Eva Todor (falecida em 2017) são presenças constantes nos trabalhos da autora.
Em 2013, Glória anuncia que escreveu uma série sobre um serial killer que teria a direção de Amora Mautner (que posteriormente deixou a produção para se dedicar à nova telenovela de João Emanuel Carneiro, sendo assumido por Mauro Mendonça Filho) [5] e teria o título provisório de Dupla Identidade.[6][7] Para fazer a série que estreou em setembro de 2014, trabalha com base em conversas com psiquiatras e especialistas em perfis psicológicos.[8][9] Além disso criou um blog em que publica o que pesquisa para a série.[10]
Em 2017, Gloria volta ao horário nobre com A Força do Querer, sob a direção de Rogério Gomes. A telenovela abordou a transexualidade e o amor bandido. Uma curiosidade sobre Gloria Perez, é que ela é a única autora que escreve seus trabalhos sem a ajuda de colaboradores, "sonho não se divide, não conseguiria sentar com um time de seis e sete pessoas e decidir que rumo aquela história vai tomar".
Homenagens e dedicações[editar | editar código-fonte]
- Gloria foi homenageada pela Prefeitura, ao dedicarem seu nome em uma escola estadual em Rio Branco-AC, onde a autora nasceu. Denominada ESCOLA ESTADUAL GLÓRIA PEREZ.
Filmografia[editar | editar código-fonte]
Novelas[editar | editar código-fonte]
Título | Ano | Creditada como | Notas | Emissora | |
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Autora principal | Colaboradora | ||||
Eu Prometo | com Janete Clair | ||||
Partido Alto | com Aguinaldo Silva | ||||
Carmem | |||||
Barriga de Aluguel | |||||
De Corpo e Alma | com Gilberto Braga e Leonor Bassères[11] | ||||
Explode Coração | |||||
Pecado Capital | |||||
O Clone | |||||
América | |||||
Caminho das Índias | |||||
Salve Jorge | |||||
A Força do Querer |
Séries e minisséries[editar | editar código-fonte]
Título | Ano | Creditada como | Notas | Emissora | |
---|---|---|---|---|---|
Autora principal | Supervisora | ||||
Desejo | |||||
Hilda Furacão | |||||
A Diarista | |||||
Amazônia, de Galvez a Chico Mendes | |||||
O Canto da Sereia | com George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio Goldenberg | ||||
Dupla Identidade | |||||
Eu, Minha Avó e a Boi[12] | com Miguel Falabella e Eduardo Hanzo |
Prêmios[editar | editar código-fonte]
- 1996
- Prêmio Contigo! - destaque do ano: Explode Coração
- 1998
- Troféu APCA - grande prêmio da crítica: Hilda Furacão
- TV Press - melhor série: Hilda Furacão
- TV Press - melhor autora
- 2001|2002
- Prêmio INTE - melhor telenovela: O Clone
- Prêmio INTE - melhor autora
- Prêmio Qualidade Brasil RJ - melhor telenovela: O Clone
- Prêmio Qualidade Brasil RJ - melhor autora
- TV Press - melhor autora
- TV Press - melhor telenovela: O Clone
- Prêmio Contigo! - melhor telenovela: O Clone
- Prêmio Contigo! - melhor autora
- Troféu Imprensa - melhor telenovela: O Clone
- Troféu Internet (SBT) - melhor telenovela: O Clone
- 2005
- Brazilian Awards - homenagem especial: América
- Prêmio Extra de Televisão - melhor telenovela: América
- 2007
- Prêmio Qualidade Brasil - melhor projeto especial de teledramaturgia: Amazônia, de Galvez a Chico Mendes
- 2009
- Emmy Internacional - melhor telenovela: Caminho das Índias
- Prêmio Qualidade Brasil - melhor telenovela: Caminho das Índias
- Prêmio Qualidade Brasil - melhor autora
- Prêmio Extra de Televisão - melhor telenovela: Caminho das Índias
- Poptevê - melhor telenovela: Caminho das Índias
- TV Press - melhor telenovela: Caminho das Índias
- Prêmio Contigo! - melhor telenovela: Caminho das Índias
- Prêmio Contigo! - melhor autora
- Troféu Imprensa - melhor telenovela: Caminho das Índias
- Troféu Internet (SBT) - melhor telenovela: Caminho das Índias
2017
- Troféu APCA - melhor telenovela: A Força do Querer
- Prêmio F5 - melhor telenovela: A Força do Querer
- Troféu Imprensa - melhor telenovela: A Força do Querer
- Troféu Internet (SBT) - melhor telenovela: A Força do Querer
- Prêmio Contigo! - melhor telenovela: A Força do Querer
- Prêmio Extra de Televisão - melhor telenovela: A Força do Querer
Referências
- ↑ «Barriga de Aluguel - Curiosidades». Memória Globo. Consultado em 28 de fevereiro de 2014
- ↑ Natalia Castro (27 de abril de 2014). «Escrevi para continuar vivendo', afirma Gloria Perez sobre a volta ao trabalho após a morte da filha». O Globo
- ↑ «Intérprete da cigana Dara, gostaria de repetir parceria com Gloria Perez: 'Ficaria muito feliz com um convite'». O Globo. 1 de janeiro de 2012. Consultado em 28 de fevereiro de 2014
- ↑ «Época - NOTÍCIAS - Os 100 brasileiros mais influentes de 2009». revistaepoca.globo.com. Consultado em 20 de Dezembro de 2009
- ↑ Kogut, Patrícia (28 de fevereiro de 2014). «Mauro Mendonça Filho vai dirigir série de Glória Perez». O Globo. Consultado em 28 de fevereiro de 2014
- ↑ «Glória Perez escreve série e explica fim da parceria com Wolf Maya: Foi ele que me abandonou». Caras Online. 30 de agosto de 2013. Consultado em 24 de janeiro de 2014
- ↑ Oliveira, Fernando (24 de janeiro de 2014). «Globo inicia testes para seriado de Glória Perez sobre serial killer». Mundo da TV - R7. Consultado em 24 de janeiro de 2014
- ↑ Patrícia Kogut (14 de maio de 2014). «Série de Gloria Perez sobre 'serial killer' estreia em setembro». O Globo. Consultado em 24 de maio de 2014
- ↑ Patrícia Kogut (9 de outubro de 2013). «Gloria Perez prepara seriado de ação». O Globo. Consultado em 4 de junho de 2014
- ↑ Patrícia Kogut (13 de junho de 2014). «Gloria Perez cria blog e publica o que pesquisa para série policial». O Globo. Consultado em 13 de junho de 2014
- ↑ «DE CORPO E ALMA - CURIOSIDADES». memoriaglobo.globo.com. Consultado em 21 de novembro de 2018
- ↑ «Miguel Falabella anuncia série inspirada em história de rivalidade entre vizinhas que bombou no Twitter». G1
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Livro: Autores - Histórias da Teledramaturgia (Volume I), páginas 422 a 481.
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