quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
Emanuelle Marie Cassin Passarini, não teve um caminho fácil, apesar de ser muito inteligente. Ela conta que sofreu preconceito de colegas e professores que não entendiam seu comportamento na sala de aula.
Enquanto a média da população tem um QI entre 90 e 110, os superdotados têm mais 130. O da Emanuelle gira em torno de 160.
“Eu ficava muito entediada porque era muito fácil. Eu ficava lendo durante as aulas”, contou.
Foi o hábito de ler em qualquer lugar – inclusive na sala de aula – o que causou mais estranheza dos colegas de escola. Professores que demoraram a entender o seu jeito e a desatenção na sala de aula.
O pior período, segundo Emanuelle foi recentemente, aos 14 anos, em uma escola particular quando colegas colocaram lixo na sua mochila e jogaram coisas na sua cabeça.
Foi aí que decidiu se transferir para a Escola Técnica Estadual (ETEC) Paulino Botelho e encontrou um sistema de ensino mais atraente ao seu perfil.
“Fui muito acolhida, as coordenadoras me incentivaram e ajudaram a me reclassificar. Tive muito amparo, elas lutaram muito por mim”, contou.
Paralelamente, passou a fazer um cursinho pré-vestibular à noite, onde também foi bastante estimulada a buscar novos conhecimentos.
Com incentivo, passou a se interessar mais pelos estudos, se tornou bolsista do CNPq e teve anos mais tranquilos na escola.
Emanuelle foi aprovada por meio Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para a primeira turma do curso de medicina da USP de Bauru, o segundo mais concorrido da Fuvest desse ano, com 105,9 candidatos por vaga, e está entre as alunas mais novas a entrar em um curso de medici
História
A garota que começou a ler com menos de 3 anos, tem duas medalhas de bronze na Olimpíada Nacional de Matemática e já foi bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os pais, o professor universitário Luis Carlos Passarini, e a assistente administrativa Wânia do Carmo Cassin Passarini, entenderam cedo que a filha estava à frente das outras crianças.
“Ela tinha um ano e já montava quebra-cabeças para crianças de 5 e 6 anos. Começamos a observar que os coleguinhas da idade dela que iam em casa não conseguiam fazer o que ela fazia”, contou Wânia.
Como o conteúdo normativo das escolas tradicionais para as pessoas da idade dela não era suficiente, ela tentou adiantar de série, mas o procedimento é muito complicado, sendo necessária uma ampla avaliação teórica e psicológica.
Mesmo assim, Emanuelle conseguiu se reclassificar por duas vezes, entre o 5º e 6º ano do Ensino Fundamental e entre o 2º e 3º ano do Ensino Médio.
“Eu posso comparar a minha vida escolar com uma música do Paul MacCartney (‘Somebody Who Cares’) que fala que às vezes você parece um carro e que tiram as rodas quando você tem algum lugar importante para ir”.
“É muito frustrante você saber que não vai chegar a lugar algum. A minha vida escolar foi mais ou menos isso, porque eu era superdotada, eu tinha muito talento, muito para oferecer e não tinha oportunidade para exercer aquilo que eu tinha”, disse.
“Era muito entediante, muito frustrante e eu posso dizer que até um pouco letal, porque tinha dia que eu chegava em casa e eu só queria morrer para não ter precisar ir na escola no outro dia”, ressaltou.
Depressão
Ela diz que não é a única a sofrer com esse tipo de incompreensão, que causa consequências terríveis.
“Conheci muita gente que era assim. A maior parte ficou doente, desenvolveu transtornos. Eu não conheci ninguém superdotado que não tivesse depressão, transtorno de ansiedade, transtorno de pânico ou fobia social”, contou.
Emanuelle diz que o apoio que encontrou nos pais e em alguns professores foi fundamental para conseguir superar os traumas e até uma depressão.
Críticas
A adolescente acha que o sistema de ensino não está preparado para os superdotados e acaba sendo punitivo ao invés de estimulante.
“É muito triste porque você vê talentos morrendo. O Brasil nunca ganhou nenhum Prêmio Nobel e isso pode ser atribuindo ao fato de que o sistema de educação mata os gênios. É muito difícil você encarar tudo isso e decidir que vai lutar mesmo assim, que vai fazer a diferença, que não vai deixar as injustiças acabarem com você”, lamentou.
Fonte: http://www.sonoticiaboa.com.br/2018/01/31/aos-15-anos-superou-bullying-depressao-passou-medicina-usp/
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