ÁGUAS LÍMPIDAS E FRIAS
Escrevendo
sobre os igarapés de Santarém, o naturalista inglês Henry Bates, no
século XIX, disse que “Esses riachos da floresta, com suas águas
límpidas e frias, a fluir murmurantes por seus leitos arenosos ou
forrados de seixos, no fundo de ravinas agrestes e tropicais, sempre
tiveram enorme encanto para mim.” Para mim também, Mr. Bates.
A
viagem desse cientista à Amazônia foi entre 1848 e 1859 e ele a
descreveu minuciosamente no livro “Um naturalista no Rio Amazonas”. A
primeira parte do capítulo referente a Santarém, onde ele permaneceu
três anos (1851 a 1854), está transcrita no recém-lançado livro “Memória
de Santarém”, que Lúcio Flávio Pinto escreveu e Miguel Oliveira, do
jornal O Estado do Tapajós, editou.
Veja porque eu concordo com o sr. Bates:
Esse
igarapé, de águas límpidas e frias, que fluem murmurantes sobre um
leito arenoso, vindas do interior da floresta, eu fotografei há duas
semanas, em um sítio em Santa Luzia, pertinho de Santarém, entre a
cidade e a vila de Alter do Chão. E quem foi o responsável pelo
convescote? O jornalista Miguel Oliveira. Aliás, não bem convescote,
porque não teve a refeição – mas, a bem da verdade, não aguentaríamos,
Rita e eu, comer mais nada, após o opíparo almoço que ele preparou,
literalmente, para nós, imediatamente antes... Mas isso é outra
história! E que história...
O
banho na água de correnteza forte neste pequeno, simples e paradisíaco
lugar teve, digamos assim, uma função digestiva: a água veloz e fria
massageava a pancinha cá do Degas, cheia de gostosuras da terra
santarena, ajudando o atarefado e sobrecarregado estômago. Registre-se
que o mesmo não acontecia com a Rita, muito mais comedida nas
quantidades alimentares ingeridas...
O
caminhar, em contato direto com a natureza, hoje como há 150 anos,
encanta o homem do século XXI como encantou aquele inglês dos 1800. E,
considerando a dificuldade de acesso, nos dias de hoje, a pedacinhos
encantados de paraíso como este (estes, porque por lá os há muitos),
fica fácil imaginar a riqueza turística espalhada pelos igarapés de Santarém. E de todo o Pará. Um tesouro para o melhor turismo de natureza, turismo ecológico ou lá que nome tenha.
Crianças
e adultos, aproveitamos todos, o esplendor da natureza, aqui como em
outros trechos do riozinho. Logo após, junto à casa do sítio, uma
intervenção humana racional: uma piscina aproveita a água corrente,
mantendo o fluxo natural e proporcionando plenos mergulhos e a natação,
por aqueles que dominam estas artes de conviver com as águas e com os
peixes. Tudo cercado por muita natureza, o som dos pássaros em plena
liberdade.
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